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O site EDUCAÇÃO SEXUAL NA SALA DE AULA tem como proposta apoiar e informar os profissionais da área de educação, com o objetivo de deter os avanços relacionados às DSTs entre os nossos alunos.

 

A escola, a família e toda a sociedade possuem um papel fundamental na orientação adequada, sem preconceitos ou tabus, a respeito de relacionamentos e comportamentos sexuais.

 

Por tudo isso, é importante ressaltar que a orientação sexual nas escolas não visa ensinar ou incentivar a prática do sexo, e sim preparar nossos jovens para se tornarem adultos mais responsáveis e livres de doenças sexualmente transmissíveis.

Andréa Paula

 

WebQuest

Doenças Sexualmente Transmissíveis

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Vídeos do YouTube

A polêmica discussão sobre o livro "Mamãe, como eu nasci?", disponibilizado na grade curricular de alunos de 7 a 10 anos da rede municipal do Recife, causa impasse na Câmara dos Vereadores

https://www.youtube.com/watch?v=QWlQwmi6URU

 1º Dezembro - Dia Mundial de Luta contra a AIDS

 

 

História da AIDS

 
  • Histórico da AIDS: Uma História de Lutas, Decepções, Guerra de Vaidades e Coragem

"A AIDS dos seus primórdios nos Estados Unidos até os dias atuais continua representando desafios que ultrapassam a medicina e atingem o comportamento, a cultura e os costumes da humanidade. Acompanhe aqui todas as etapas cumpridas por esta epidemia"

 

De acordo com um documento publicado em 1999 no "Caderno juventude, saúde e desenvolvimento", do Ministério da Saúde, editado pelas profissionais Vera Lopes dos Santos e Cledy Eliana dos Santos, da Unidade de Prevenção da Coordenação Nacional de DST e Aids do Ministério, o primeiro caso de AIDS registrado no mundo foi no início da década de 80. A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, contudo, foi descrita em 1981.

 
Entretanto, segundo Randy Shilts (1987), no dia 12 de dezembro de 1977, morria aos 47 anos, a médica e pesquisadora dinamarquesa, Margrethe P. Rask. Ela havia estado na África, estudando sobre o Ebola e começara a apresentar diversos sintomas estranhos para a sua idade. A autópsia revelou que os pulmões estavam repletos de microorganismos, que ocasionaram um tipo de pneumonia e vieram a asfixia-la. Contudo, a pergunta que pairava era: ninguém morria em função disso, o que estaria acontecendo? Historicamente, talvez esse seja o primeiro caso descrito de morte por decorrência da AIDS.


Os primeiros casos foram reconhecidos nos Estados Unidos, em função de um conjunto de sintomas (Sarcoma de Kaposi e Pneumonia pelo Pneunocistis carinii) em pacientes homossexuais masculinos provenientes de grandes cidades norte-americanas (Nova York, Los Angeles e São Francisco). Embora estes sintomas já fossem conhecidos anteriormente, no seu conjunto apresentavam características próprias: a pneumocistose, por exemplo, ocorria em pacientes com câncer em estágios avançados (foi a doença que atingiu a médica dinamarquesa); já o Sarcoma de Kaposi era bem conhecido entre idosos procedentes da bacia do mediterrâneo. Eles nunca haviam sido observados, até então, ao mesmo tempo, em pacientes homossexuais masculinos sem histórico de outras doenças.

 
Diante deste quadro, o CDC (Centers for Disease Control and Prevention), o órgão de vigilância epidemiológica norte-americano, passou a estudar a doença e definir o seu perfil clínico e epidemiológico. Como a incidência, no início, era predominantemente entre homossexuais, suspeitou-se que houvesse relação entre a doença e este estilo de vida. No entanto, não tardaram a surgir casos entre heterossexuais e crianças recém-nascidas. Apesar disso, as principais características epidemiológicas continuaram sugerindo que a doença era infecciosa, transmitida por via sexual, vertical e parental.


Descobrindo as Causas


Com o agravamento da disseminação da AIDS, muitos estudos foram iniciados na tentativa de identificar-se o agente etiológico da doença, possivelmente um vírus. Num primeiro momento, os vírus Citomegalovírus, Epstein-Barr e Hepatite B foram os maiores suspeitos. Não demorou para que os cientistas se dessem conta de que se tratava de fato de um vírus novo.


No ano de 1982, pesquisadores do CDC estavam colhendo dados a respeito de nomes de pessoas homossexuais que houvessem mantido relações sexuais entre si, a fim de mapearem aquela doença, até então não compreendida em relação à sua forma de transmissão. Grande parte das pessoas entrevistadas relata haver conhecido um mesmo homem, um comissário de bordo de origem franco-canadense, Getan Dugas. Mais tarde, como escreveu Shilts, este homem passou a ser conhecido como o paciente zero, a partir de quem a doença teria cruzado o oceano atlântico.

Somente em 1984, quando milhares de americanos já haviam contraído a doença, que o retrovírus, considerado agente etiológico da AIDS, foi descoberto. Dois grupos de cientistas reclamaram ter sido o primeiro a descobri-lo, um do Instituto Pasteur de Paris, chefiado pelo Dr. Luc Montangnier e o outro dos Estados Unidos, chefiado pelo Dr. Robert Gallo. O fato é que uma das pesquisadoras do Instituto Pasteur de Paris, Françoise Barre-Sinoussi, conseguiu cultivar um retrovírus em laboratório e enviou o material para o laboratório de Robert Gallo, para que este confirmasse o seu achado, por se tratar de um eminente cientista. Com base neste material, Gallo divulgou a descoberta como se fosse sua, vindo a retratar-se somente no início da década de 90. Gallo é um importante virologista, e já havia identificado outros dois retrovírus, o HTLV – 1 e o HTLV 2 (Human T Leukemia-limphoma vírus type 1 and 2) e, por isso, o agente etiológico da AIDS foi inicialmente conhecido, nos Estados Unidos, como HTLV – 3. Na França, ele foi reconhecido como LAV, associado a linfadenopatia. Depois das disputas da comunidade científica serem devidamente esclarecidas, chegou-se ao consenso de denomina-lo HIV, ou, em português, vírus da imunodeficiência humana.


Em 1985 estava no mercado um teste sorológico de metodologia imunoenzimática, para diagnóstico da infecção pelo HIV que podia ser utilizado para triagem em bancos de sangue. Após um período de conflitos de interesses político-econômicos, esse teste passou a ser usado mundo afora e diminuiu consideravelmente o risco de transmissão transfusional do HIV.


Os Primeiros Medicamentos


Em 1986, foi aprovada pelo órgão norte-americano de controle sobre produtos farmacêuticos FDA (Food and Drug Administration), a primeira droga antiviral, a azidotimidina ou AZT. Este revelou um impacto discreto sobre a mortalidade geral de pacientes infectados pelo HIV.

 
Em 1994, um novo grupo de drogas para o tratamento da infecção passou a ser estudado, os inibidores da protease. Estas drogas demonstraram potente efeito antiviral isoladamente ou em associação com drogas do grupo do AZT (daí a denominação "coquetel"). Houve diminuição da mortalidade imediata, melhora dos indicadores da imunidade e recuperação de infecções oportunistas. Ocorreu um estado de euforia, chegando-se a falar na cura da AIDS. Entretanto, logo se percebeu que o tratamento combinado (coquetel) não eliminava o vírus do organismo dos pacientes. Some-se a isso também os custos elevados do tratamento, o grande número de comprimidos tomados por dia e os efeitos colaterais dessas drogas. A despeito desses inconvenientes, o coquetel reduziu de forma significativa a mortalidade de pacientes com AIDS.


Atualmente, na área, há duas linhas principais de pesquisa: uma busca uma vacina eficaz, visando imunizar os indivíduos pertencentes a populações sob risco; e outra visando buscar drogas antivirais mais potentes e com menos efeitos colaterais, visando erradicar o vírus do organismo de pacientes infectados. Os resultados com os antivirais têm sido melhores, entretanto dificilmente a AIDS será curada farmacologicamente. As esperanças depositam-se no desenvolvimento de uma vacina eficaz. Infelizmente, até o momento não há relatos promissores sobre vacinas.


Brasil: a História da Prevenção e do Tratamento


No Brasil, os primeiros casos confirmados ocorreram em São Paulo, em 1982. Foi no Hospital Emílio Ribas, em São Paulo, que o primeiro caso de AIDS do país foi atendido. De lá até os dias atuais, cerca de 27.000 pessoas contaminadas pelo vírus já passaram pelo Instituto, de acordo com informações do próprio Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Para atender pacientes de AIDS o Instituto teve que se adequar. Seu laboratório é considerado um dos melhores do serviço público do país no tocante à AIDS e à outras epidemias. Por seu hospital dia passam semanalmente cem pessoas que embora tenham o vírus da AIDS e precisem de cuidados especiais como medicações injetáveis específicas, não precisam de internação. O atendimento prestado pelo Hospital Dia do Emílio Ribas é tido como referência de bom serviço e outros idênticos já foram implantados em vários outros locais.


No entanto, embora as realizações do Instituto tenham sido muitas, alguns entraves parecem intransponíveis para seus próprios profissionais. "Apesar de ter um dos mais bem equipados centros cirúrgicos de São Paulo, o hospital ainda não consegue realizar o parto das gestantes portadoras do vírus da AIDS".

 
De acordo com informações do Instituto, "0 trabalho operacional gerado pelo doente de AIDS fez com que o Instituto se adequasse. As condições de trabalho se mostraram precárias, o número de funcionários deficiente, e o custo do doente para o Estado quase inviável".

 
Para se ter uma idéia do volume de trabalho que a AIDS representa para um hospital, um paciente de AIDS internado pode precisar de até dez trocas num dia. "0 trabalho é exaustivo. Além da exaustão o funcionário do Ribas deparou com outro problema: se por um lado a epidemia de meningite foi trabalhosa, o paciente quando atendido rapidamente sobrevivia, o mesmo não acontecia com o doente de AIDS anos atrás. Esta impotência angustiava não só funcionários, mas principalmente aos pacientes", explica o Instituto em seu próprio histórico, do qual a AIDS é um capítulo à parte. Para solucionar parte destes problemas, foi criada a equipe de saúde mental do hospital pelo Dr. George Schulte. "Psicólogos e psiquiatras dão atendimento a familiares, pacientes e funcionários, visando amenizar o sofrimento diante da doença", detalha o documento. 0 trabalho realizado pela psicóloga Ana Baricca, junto às crianças com AIDS na segunda unidade de internação do Instituto conseguiu reconhecimento internacional, orgulha-se o Instituto. 


Os números do Instituto de Infectologia Emílio Ribas são mesmo impressionantes. Atende-se 100 pessoas por semana no Hospital Dia, 250 internadas, das quais mais de 60% com AIDS, o que resulta em mais de 8.000 atendimentos/mês dos quais pelo menos 6.500 são para doentes de AIDS. Com estes dados, não impressiona o aumento do quadro funcional: se em 1992 eram 900 funcionários, atualmente são 1.600. Somente entre o corpo médico, saltou-se de 101 médicos em 1992 para 280 em 96. No entanto, denuncia o próprio Instituto, ainda não é suficiente o número de pessoas e muito menos os seus baixos salários, o que provoca uma alta rotatividade. O Instituto calcula que cada paciente internado custa ao Estado cerca de R$ 600,00 por dia e que quando ele precisa de UTI este custo sobe para R$ 1.500,00.

 
As Fases da Prevenção


"A AIDS foi, inicialmente, associada de forma estigmatizadora, a grupos de risco", contam as profissionais Vera Lopes dos Santos e Cledy Eliana dos Santos, da Unidade de Prevenção da Coordenação Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde, "tais como homossexuais, prostitutas, dependentes químicos e hemofílicos, localizados em grandes centros urbanos". O resultado desta associação foi disseminar a falsa noção de que os que não pertenciam a estes grupos estariam a salvo da AIDS. Além disso, explicam, "reforçou preconceitos e estigmas vigentes contra algumas minorias".

 
Na análise de Marcelo Sodelli, mestre em psicologia da educação pela PUC/SP com tese sobre a AIDS nas Escolas, com os primeiros casos de AIDS em São Paulo e com o início de um programa estadual de mobilização, inaugurou-se o que ele cita como primeira fase dos projetos de prevenção. Ele ressalta que neste período, mesmo com importantes iniciativas tomadas pela Secretaria do Estado de São Paulo, pode ser observada "uma completa falta de atuação por parte de quase a maioria das autoridades governamentais, principalmente na esfera federal".

Segundo Marcelo, paralelamente à falta de um plano nacional de combate a AIDS, ocorreu a organização de alguns setores da sociedade, propiciando o nascimento das primeiras Organizações Não-Governamentais (ONGs). "Com um papel extremamente importante, estas organizações sempre traziam à luz a discussão sobre a questão do preconceito e da discriminação", expõe Marcelo em sua tese, acrescentando que, com isso, essas organizações também exerceram pressão sobre o Estado, exigindo posicionamentos e soluções diante dos problemas ocasionados com o advento da AIDS.


Desde o início, critica Marcelo, a AIDS foi considerada uma demanda do setor de saúde, designando o Ministério e as Secretarias de Saúde como porta-vozes oficiais do Estado. Isso excluiu a participação dos setores de Educação, que seriam essenciais para a prevenção à AIDS. Um projeto envolvendo a escola no cenário de prevenção à AIDS só aconteceu em 1985, incluindo um treinamento de professores de escolas públicas de 1º e 2º Grau, em São Paulo, e deveria atingir 3.500 alunos. No entanto, ele não teve continuidade a partir do momento em que a sua execução deveria ter sido assumida pela Secretaria de Educação, cita Marcelo, apoiado em declarações do Dr. Paulo. Roberto Teixeira, atualmente Coordenador do Programa de AIDS do Ministério da Saúde.

 
Inicialmente, conta Marcelo, "as ações públicas no combate à AIDS tinham basicamente a mesma abordagem que era feita em relação aos pacientes de hanseníase, devido à semelhança que essas duas doenças apresentavam, principalmente por causa da discriminação". De acordo com o relato de Marcelo, nesta primeira fase, "as ações preventivas foram incipientes, caracterizando-se por reuniões isoladas, palestras, distribuições de panfletos e utilização da mídia através de reportagens". As ações governamentais, na época, investiam em vigilância epidemiológica e em assistência média, não apresentando um plano sistemático e organizado de prevenção.


Entre 1980 e 1999, o Ministério da Saúde, através de seu Boletim Epidemiológico, notificou 155.590 casos de Aids, dos quais 13%, ou 20.064, referem-se a pessoas entre 15 e 24 anos. A faixa mais atingida, no entanto, situa-se entre os 25 e 34 anos, com 43,23% dos casos: 67.267. Partindo-se do pressuposto que o portador de HIV pode viver em média 10 anos sem apresentar sintomas, o número de casos que foram contaminados entre os 15 e 24 anos pode ser elevado, sendo primordial que esta faixa etária seja atingida com ações de prevenção, conclui Marcelo.


Entre as tendências mais dramáticas da epidemia, cabe ressaltar o aumento da infecção por mulheres heterossexuais casadas (ou com parceiros fixos) e as populações de baixa renda, afetadas diretamente pela exclusão social, cultural e econômica. Aumentando o número de mulheres infectadas, proporcionalmente aumenta também o número de crianças contaminadas verticalmente (através da gravidez).


A segunda fase das políticas de prevenção abrange o período entre a criação do Programa Nacional de AIDS (02.05.85) até 1990, sendo caracterizada a ação da esfera governamental com uma abordagem pragmática e mais técnica da epidemia. Nesse período, o setor de Saúde tentava envolver outros setores (por exemplo, o Ministério da Educação, do Trabalho e da Justiça) na questão do combate à AIDS (Teixeira, 1997). A intenção era de reunir esforços para o desenvolvimento de políticas nacionais na luta contra a doença. Pretendia-se alertar que a AIDS não deveria ser vista como um problema da área de Saúde, mas uma questão nacional.


Segundo a tese de Marcelo, nesse período, a abordagem preventiva pode ser caracterizada como buscando a prevenção, através do repasse de informação, através de aulas teóricas, palestras e distribuições de panfletos informativos. Há, porém, uma diferença marcante entre esses dois períodos: enquanto no primeiro ainda não existia um corpo teórico sólido em relação aos conhecimentos da virologia e epidemiologia da AIDS, sendo atribuído a esse fato o fracasso desses programas, no segundo período, esse corpo teórico se apresenta muito desenvolvido e sólido. Entretanto, mesmo assim, esse tipo de programa preventivo ainda se mostrava sem sucesso. Na análise do psicólogo, apesar do pragmatismo desse período, as campanhas elaboradas até 1990 tiveram sempre uma intenção não-estigmatizante e solidária para com os afetados.


A terceira fase das respostas políticas à AIDS, segundo o mesmo analista, inicia-se em 1990, de forma contrária às expectativas nacionais, desestruturando o Programa Nacional, comprometendo, entre outras coisas, a própria vigilância sanitária, fragilizando as articulações com os estados, com as ONGs e outras instituições. Nesse período, é vinculada ao movimento uma campanha nacional sob o tema "Se você não se cuidar, a AIDS vai te pegar"; como afirma Teixeira (1997: 63), "retirava toda a esperança das pessoas infectadas e pretendia estimular atitudes e práticas seguras, entre os não-afetados, utilizando a ameaça: a AIDS mata". Denunciando este período da história da prevenção no Brasil, do qual ainda sofremos resquícios, há o depoimento do Padre Júlio Lancellotti, da Casa Vida, que acolhe crianças órfãs e infectadas: "as informações sobre a AIDS vinham às vezes muito pesadas, ou preconceituosas, ou distorcidas, ou marcadas pelo medo, principalmente marcadas pela morte. Tinha um carro parado aqui na porta, onde estava escrito: ‘Aids: essa porra mata!’, e as crianças começaram a ler. Eu não vi nenhuma campanha publicitária que levasse em conta o pensamento infantil", disse, em entrevista exclusiva ao BoaSaúde. Apoiado no Ministério da Saúde, Marcelo afirma que esse tipo de informação não só fracassou em seu objetivo (que era diminuir a transmissão do HIV), como contribuiu negativamente para o fortalecimento de comportamentos preconceituosos em relação ao portador, aumentando também o medo e a angústia das pessoas em relação à AIDS. Foi ainda nessa época que, paradoxalmente, um grande avanço ocorreu: a distribuição gratuita de remédios para os portadores de HIV.


A quarta fase compreende desde 1992 até os dias atuais (1999), com a reorganização do Programa Nacional de AIDS no Ministério da Saúde. Essa fase pode ser entendida como um processo no qual rivalidades e disputas foram deixadas de lado, a fim de intensificar e fortalecer a cooperação de todos que estão na luta contra a AIDS (Parker, 1997). Inicia-se uma negociação do Programa Nacional com o Banco Mundial, a fim de desenvolver um projeto para a prevenção e controle da AIDS. O Programa Nacional passou a ser o principal financiador dos projetos desenvolvidos em todo país. No tocante às abordagens preventivas, afirma Marcelo, esse período apresenta três formas de trabalho: campanhas de redução de danos, campanhas que induzem ao uso do preservativo e campanhas que buscam, através da escolha pessoal e da responsabilidade social, a prevenção da AIDS.


Para o psicólogo, essa abordagem, por suas características e objetivos, exige profissionais altamente capacitados, um longo período de execução, culminando num alto custo financeiro. Por essa última razão, são poucas as instituições que conseguem desenvolver um projeto com essa abordagem. Ainda hoje, para Marcelo, a base dos programas de prevenção a AIDS, apresenta questões políticas, sendo vista como um problema quase exclusivamente da área de saúde.

Fontes
-
Secretaria Municipal de Saúde e Higiene de São José do Rio Preto, SP.
- Ministério da Saúde – Coordenação de DST/AIDS.
- SHILTS, Randy. O prazer com risco de vida. Record. Rio de Janeiro, 1987.
- SODELLI, Marcelo. Escola e AIDS: Um olhar para o sentido do trabalho do professor na prevenção à AIDS. Tese de Mestrado PUC/SP, 1999.
- Instituto de Infectologia Emílio Ribas.

 

  • Linha do Tempo da AIDS: Do Primeiro Caso aos Dias Atuais
     

  A aids não é mortal. Mortal somos todos nós."  Herbert de Souza, o Betinho

 

12 de dezembro de 1977: Morre, aos 47 anos, a médica e pesquisadora dinamarquesa Margrethe P. Rask. Ela havia estado na África, estudando o Ebola, e começara a apresentar diversos sintomas estranhos para a sua idade. A autópsia revelou que seus pulmões estavam cheios de microorganismos que ocasionaram um tipo de pneumonia.

1981 – Descreve-se pela primeira vez a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, contudo, sem nomeá-la cientificamente.

1982 - Pesquisadores do CDC estavam colhendo dados a respeito de nomes de pessoas homossexuais que houvessem mantido relações sexuais entre si, a fim de mapearem aquela doença, até então não compreendida em relação à sua forma de transmissão. Grande parte das pessoas entrevistadas relata haver conhecido um mesmo homem, um comissário de bordo de origem franco-canadense, Gaetan Dugas. Mais tarde este homem passou a ser conhecido como o paciente zero, a partir de quem a doença teria cruzado o oceano atlântico. No Brasil, os primeiros sete casos confirmados ocorreram em São Paulo, todos pacientes de prática homo/bissexual, tendo sido o Hospital Emílio Ribas a atende-los. Os pesquisadores ainda não haviam chegado a um consenso sobre o nome para esta doença, que era tratada pela imprensa como ‘Peste Gay’ ou GRID - Gay-Related Immune Deficiency. Ainda neste ano, casos de AIDS foram relatados em 14 países ao redor do mundo.

1983 – Instalou-se grande pânico ao redor do mundo quando se cogitou que a doença poderia ser transmitida pelo ar e utensílios domésticos, após ter sido relatado casos de infecção em crianças nos Estados Unidos. Ocorre a primeira Conferência sobre AIDS, em Denver, EUA. A doença é relatada em 33 países. Estavam confirmados 3.000 casos da doença nos EUA, com um total de 1.283 óbitos.

1984 – Descobre-se o retrovírus considerado agente etiológico da AIDS. Dois grupos de cientistas reclamaram ter sido o primeiro a descobri-lo: um do Instituto Pasteur de Paris, chefiado pelo Dr. Luc Montangnier e o outro dos Estados Unidos, chefiado pelo Dr. Robert Gallo. Ocorre a morte de Gaetan Dugas, considerado o "paciente zero", a pessoa que trouxe o vírus para a América. Fecham-se as saunas gays na cidade de São Francisco, EUA. A secretária de saúde e serviços humanos dos Estados Unidos declara que em muito pouco tempo, antes do ano de 1990, haveria uma vacina e a cura contra a AIDS. No final deste ano, 7.000 americanos tinham a doença.

1985 – Chega ao mercado um teste sorológico de metodologia imunoenzimática, para diagnóstico da infecção pelo HIV que podia ser utilizado para triagem em bancos de sangue. Após um período de conflitos de interesses político-econômicos, esse teste passou a ser usado mundo afora e diminuiu consideravelmente o risco de transmissão transfusional do HIV. O ator Rock Hudson morre, sendo a primeira figura pública conhecida a ter falecido em função de AIDS. Ryan White, um menino de 13 anos e hemofílico, é expulso da escola. Ocorre a primeira Conferência Internacional de AIDS em Atlanta. Ao final do ano, a AIDS havia sido relatada em 51 países. É relatada no Brasil a primeira ocorrência de transmissão perinatal, em São Paulo.

1986 - Na segunda Conferência Internacional de AIDS, ocorrida em Paris, foi reportada experiências iniciais do uso do AZT. No mesmo ano, o órgão norte-americano de controle sobre produtos farmacêuticos FDA (Food and Drug Administration) aprovou o seu uso. Este revelou um impacto discreto sobre a mortalidade geral de pacientes infectados pelo HIV. A Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou uma estratégia global de combate à AIDS. Em relação aos usuários de droga injetável, a estratégia recomendava aos usuários que esterilizassem seringas e agulhas. No Brasil, Herbert de Souza, o Betinho, conhecido sociólogo e ativista político brasileiro, hemofílico, confirma sua condição de portador do vírus HIV. No mesmo ano ele funda a ABIA – Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS, entidade que vira referência na luta por maior controle dos bancos de sangue e contra a discriminação.

1987
– O governo britânico lançou uma campanha publicitária com a frase "Não morra de Ignorância" e entregou em cada residência um folheto sobre a AIDS. A princesa Diana abriu o primeiro Hospital especializado em tratamento da AIDS na Inglaterra. O fato dela não ter usado luvas quando apertou as mãos de pessoas com AIDS foi amplamente divulgado pela imprensa e ajudou a mudar atitudes preconceituosas. O presidente Kaunda, da Zâmbia, anunciou que seu filho morrera de AIDS. O presidente americano Ronald Reagan fez seu primeiro discurso sobre AIDS quando 36 mil americanos já possuíam diagnóstico e 20.000 já haviam morrido. Ao redor do mundo, no mês de novembro, 62.811 casos já tinham sido oficialmente reportados pela OMS, de 127 países. Desde este ano, o Governo Americano repassa recursos para o desenvolvimento de programas globais de prevenção ao HIV/AIDS.

1988 – A Inglaterra, em função do alto índice de contaminação de usuários de drogas, começou a discutir estratégias específicas focadas em programas de prevenção que foram mandados para 148 países. O programa enfatizava a educação, a troca de informações e experiências e a necessidade de proteção dos direitos e da dignidade humana. Morrem os dois irmãos de Betinho, também hemofílicos, de AIDS: Henfil, proeminente escritor, aos 43 anos e Chico Mário. Betinho afasta-se da ABIA, desesperançado. No mesmo ano, a OMS instituiu o Dia Mundial da AIDS, primeiro de dezembro, sendo esta primeira edição com o tema: "Junte-se ao esforço mundial".

1989 – Um grande número de novas drogas tornou-se disponível no mercado para tratamento das infecções oportunistas. O preço do AZT caiu 20%. Um novo antiretroviral, DDI, foi autorizado pelo FDA para pacientes com intolerância ao AZT. O tema do Dia Mundial da AIDS, 1º de Dezembro, é "Cuidemos uns dos outros".

1990 – Morre Ryan White, aos 19 anos. O programa de troca de agulhas e seringas da cidade de Nova York é fechado por questões políticas. Em dezembro, mais de 307 mil casos de AIDS haviam sido oficialmente reportados pela OMS, porém havia estimativas de números próximos a 1 milhão. No Brasil, morre o cantor de rock Cazuza. No mesmo ano, seus pais fundam a Sociedade Viva Cazuza. O tema do Dia Mundial da AIDS é "Aids e mulheres".

1991 – O jogado de basquete americano, "Magic" Johnson anunciou que era portador do HIV. Morre Freddie Mercury, cantor do grupo de rock Queen. O terceiro antiretroviral DDC foi autorizado pelo FDA para pacientes intolerantes ao AZT. Contudo, nesta época, ficou claro que o AZT e as outras drogas estavam limitadas ao tratamento da AIDS, pois o HIV desenvolvia resistência aos medicamentos que diminuíam sua eficácia. Ao final de 1991, chega a 200 mil o número de casos nos EUA com 133 mil mortes. O tema do Dia Mundial da AIDS é "Compartilhando um desafio".

1992 – A estrela do tênis Arthur Ashe anunciou que estava infectado pelo HIV em função de uma transfusão de sangue em 1983. O FDA aprova o uso do DDC em combinação com o AZT para pacientes adultos com infecção avançada. Esta foi a primeira combinação terapêutica de drogas para o tratamento da AIDS a apresentar
sucesso. O tema do Dia Mundial da AIDS é "Vamos juntos contra a AIDS de mãos dadas com a vida".

1993 – mais de 3,7 milhões de novas infecções ocorreram mundialmente. Mais de 10 mil por dia. Durante este ano, mais de 350 mil crianças nasceram infectadas. O bailarino russo Rudolf Nureyev morre de AIDS em janeiro. Em fevereiro, menos de um ano após ter anunciado a sua infecção, morre Arthur Ashe. "Previna-se da vida, não das pessoas" é o tema do Dia Mundial da AIDS.

1994 – passou a ser estudado um novo grupo de drogas para o tratamento da infecção, os inibidores da protease. Estas drogas demonstraram potente efeito antiviral isoladamente ou em associação com drogas do grupo do AZT (daí a denominação "coquetel"). Houve diminuição da mortalidade imediata, melhora dos indicadores da imunidade e recuperação de infecções oportunistas. Ocorreu um estado de euforia, chegando-se a falar na cura da AIDS. Entretanto, logo se percebeu que o tratamento combinado (coquetel) não eliminava o vírus do organismo dos pacientes. Some-se a isso também aos custos elevados do tratamento, o grande número de comprimidos tomados por dia e os efeitos colaterais dessas drogas. Por outro lado, um estudo comprovou que o uso do AZT reduzia em 2/3 o risco de transmissão de HIV de mães infectadas para os seus bebês. A despeito desses inconvenientes, o coquetel reduziu de forma significativa a mortalidade de pacientes com AIDS. O ator Tom Hanks ganha um Oscar por sua atuação no filme Philadelphia, onde interpreta um gay com AIDS. A AIDS se torna a principal causa de morte entre americanos com idade entre 25 e 44 anos. Desde o início da infecção, 400 mil pessoas nos Estados Unidos haviam desenvolvido a AIDS com 250 mil mortes. É criado o UNAIDS, integrado por cinco agências de cooperação de membros da ONU com o objetivo de defender e garantir uma ação global para a prevenção do HIV/aids. (Unicef; Unesco; UNFPA; OMS; e UNDP), além do Banco Mundial. Betinho é indicado pelo presidente brasileiro, Fernando Henrique Cardoso, para o Prêmio Nobel da Paz, por sua atividade no combate à fome. Estava pesando 45 kg. O tema do Dia Mundial da AIDS é "AIDS e família".

1995 – O FDA aprovou o uso do Saquinavir, a primeira droga de um novo grupo, antiretroviral, de inibidores de Protease. "Compartilhemos direitos e responsabilidades", é o tema do Dia Mundial da AIDS. Mais de 80 mil casos de aids já tinham sido registrados no Brasil pela Coordenação Nacional de DST e Aids da Secretaria de Projetos Especiais de Saúde do Ministério da Saúde. Nasce o Plano de Cooperação Técnica Horizontal entre países da América Latina e Caribe.

1996 – Magic Johnson retorna ao basquete profissional. Durante este ano, um crescente número de drogas foi aprovado pelo FDA nos EUA, para administração em combinação com outras drogas. Acontece a Conferência Internacional em Vancouver, onde se anunciou a combinação de três drogas com efeitos mais efetivos que a terapia dual. Surgiu a dúvida a respeito de quanto tempo estes efeitos poderiam ser mantidos, considerando-se as dificuldades e peculiaridades do tratamento. No final deste ano, a UNAIDS reportou que o número de novos infectados havia declinado em vários países em que práticas de sexo seguro haviam sido disseminadas (Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, e países do norte da Europa). O tema do Dia Mundial da AIDS neste ano é "Unidos na esperança". Acontece em dezembro, no Brasil, o Iº Congresso Brasileiro de Prevenção das DST e AIDS, em Salvador, BA.

1997 – A UNAIDS reportou que os números mundiais de AIDS estavam piores do que o esperado: sugerindo que havia 30 milhões de pessoas vivendo com HIV/AIDS e 16 mil novas infecções por dia. Em 09 de agosto, morre o Betinho, 11 anos depois de confirmar sua condição de portador, com 61 anos, vítima de Hepatite C, em casa, ao lado da mulher e dos filhos. O Brasil comove-se. A USAID/Brasil propõe estratégia de cinco anos para a prevenção do HIV/AIDS.

1998 - No dia Mundial da AIDS, a temática é a mesma do ano anterior: "Num mundo com AIDS, as crianças e os jovens são responsabilidades de todos nós". Na América Latina e Caribe, estima-se que aproximadamente 65.000 indivíduos entre 15 e 24 anos de idade adquiriram o HIV (UNAIDS, 1999).

1999 – O Dia Mundial da AIDS, celebrado em primeiro de dezembro, leva por tema "Você pode fazer um mundo melhor. Escute, aprenda e viva com a realidade da AIDS. Até este ano, 155.590 casos de AIDS foram registrados no Brasil, dos quais 43,23% na faixa etária entre 25 e 34 anos".

2000 – Acontece, de 06 a 11 de novembro, no Rio de Janeiro o Fórum 2000 – Iº Fórum e IIª Conferência de Cooperação Técnica Horizontal da América Latina e do Caribe em HIV/AIDS e DST.